Por Ofertas de Emprego em Aconselhamento 16-04-2020
O presenteísmo é um dos maiores problemas que as empresas enfrentam hoje. O maior problema assenta na ideia que basta contratar as pessoas, reter esses recursos humanos e tentar manter baixo o nível de absentismo.
Até agora muitas empresas servem-se da métrica – presença na empresa – para avaliar o sucesso, no entanto já deves ter percebido que não é por estares sempre à secretária/posto de trabalho, que estás presente e focado. Pode até dizer-se que um dos maiores factores que aumenta o presenteísmo é mesmo o esforço agressivo que as chefias aplicam para baixar os níveis de absentismo.
A origem do presenteísmo era o ato de ir para o trabalho mas não ser produtivo, devido a factores de doença física ou mental. Ou seja, em vez de ficar em casa a recuperar de uma doença, acabas por ir trabalhar. Como sabemos isto é negativo por duas razões óbvias, e muito mais agora com a propagação do COVID-19: primeiro porque nós precisamos de tempo para recuperar, se vamos trabalhar enquanto estamos doentes há um risco muito sério de passar a doença a outra pessoa (se for contagioso) e a segunda razão é falta de produtividade.
Dois artigos publicados no Journal of the American Medical Association revelam que a depressão, custa às empresas americanas 35 biliões de dólares por ano, devido à redução na produtividade. E doenças como a artrite, enxaquecas e problemas de costas estão a custar quase $47 biliões. Um estudo feito ao longo de um ano a 29.000 adultos empregados, estimou que o custo do presenteísmo nos Estados Unidos ultrapasse os 150 biliões de dólares por ano. E este custo é 3 vezes superior que o custo pelo absentismo.
Dentro da empresa e nas equipas podem gerar-se sentimentos de pressão, porque o colega não consegue dar conta das tarefas e os outros vêem-se “obrigados” a terminar o que ficou por fazer. Esta pressão pode provocar sentimentos de stress e frustração que, mal geridos, vão tornar-se um padrão e uma autêntica bola de neve.
Uma empresa é feita pelos seus colaboradores e todo o sucesso que pode existir é resultado direto do esforço e dedicação de todos. Uma realidade que se vê muito em Portugal e no resto do mundo, é considerar um colaborador que vem trabalhar doente, como se fosse um herói – aquele que mesmo mal dá o corpo pela empresa. Este tipo de “elogio” esconde uma verdadeira pressão, que se vai traduzir na redução da moral e afeta de forma negativa o bem estra físico e mental dos colaboradores. Para contornar este problema, basta deixar claro que a empresa espera que todos os seus colaboradores fiquem em casa quando estão doentes.
Politicas baseadas na quantidade de faltas, sem perceber a sua origem ou necessidade, não vão ser suficientes para atacar o problema do presenteísmo. Muitas empresas que se baseiam neste sistema, optam por acções punitivas quando um colaborador enfrenta um problema de saúde, encorajando que haja um incremento do presenteísmo. Recomenda-se que haja formação para que as chefias locais percebam a diferença entre presenteísmo e absentismo. Sejam mais flexíveis a abordar a questão e adoptem medidas de apoio para os colaboradores que voltaram ao trabalho depois de recuperar de uma doença.
Uma das formas que muitas empresas usam para incentivar os colaboradores são as recompensas por não haver faltas. Este tipo de abordagem tem muitos efeitos negativos, porque mesmo não havendo este tipo de incentivos, há muitas pessoas que sentem que não podem faltar quando estão doentes, só para mostrar lealdade. É importante contra atacar esta ideia, dando ênfase ao bem-estar e saúde de todos em vez de focar no “estar sempre presente”.
Raramente há à-vontade para falar com os chefes quando enfrentamos problemas físicos ou psicológicos. E muitas chefias não têm qualquer formação para saber lidar de forma eficaz quando e se isso acontecer. É muito importante ter chefias competentes e formadas, capazes de reconhecer quando os níveis de stress estão altos e que tenham sensibilidade para os problemas psicológicos. Promover o diálogo entre colaboradores e chefias de forma positiva, vai fazer reduzir o estigma relacionado com as doenças psicológicas/físicas.
Em resumo, é preciso perceber que uma doença, seja física ou psicológica, afeta sempre a produtividade (as pessoas vão estar a trabalhar mais devagar, ou vão ter que repetir tarefas) e a qualidade do trabalho. A relação entre ter saúde e ser produtivo é inquestionável! Uma empresa que dê prioridade ao bem-estar dos seus colaboradores, é uma empresa que vai ver resultados no imediato, o que será benéfico para a empresa e para todos que lá trabalham.