Por Ofertas de Emprego em Aconselhamento 14-10-2024
O conceito de “Emotional Labor”, ou trabalho emocional, foi introduzido pela socióloga Arlie Hochschild no seu livro de 1983, The Managed Heart: Commercialization of Human Feeling. O termo refere-se ao esforço necessário para gerir emoções e expressões faciais ou corporais de acordo com as expectativas impostas por um determinado ambiente, particularmente em situações profissionais. No contexto de trabalho, o trabalho emocional é frequentemente necessário para manter um ambiente amigável, acolhedor ou calmo, mesmo quando o indivíduo não está a sentir essas emoções de forma genuína.
Este conceito está particularmente presente em profissões ligadas ao atendimento ao cliente, como empregados de mesa, assistentes de bordo, rececionistas, professores e profissionais de saúde. Nestas profissões, espera-se que os trabalhadores sejam sempre simpáticos, pacientes e prestáveis, independentemente do seu estado emocional interno ou de como os clientes ou pacientes os tratam. Este tipo de trabalho não envolve apenas a execução de tarefas físicas ou intelectuais, mas também o controle e a gestão das próprias emoções para refletir a imagem que a empresa ou organização deseja projetar.
Imagine, por exemplo, um assistente de loja que, ao longo do seu dia de trabalho, deve manter um sorriso e uma atitude positiva, mesmo quando confrontado com clientes irritados ou exigentes. Esse esforço consciente para suprimir emoções negativas, como frustração ou cansaço, e manter uma expressão externa de cordialidade é trabalho emocional. Este tipo de esforço vai além das competências técnicas e pode ser invisível para muitos, mas é uma parte essencial de muitos empregos.
O trabalho emocional pode ter impactos significativos na saúde mental e bem-estar dos trabalhadores. A dissociação entre as emoções sentidas e as emoções expressas, algo que Hochschild chamou de “alienação emocional”, pode levar a stress, ansiedade, burnout e, em casos mais graves, a depressão. Quando um trabalhador precisa constantemente de esconder as suas emoções verdadeiras, pode sentir que está a perder parte de si próprio, o que pode resultar numa desconexão emocional com o trabalho e com a vida pessoal.
Além disso, o trabalho emocional é, muitas vezes, não reconhecido e mal remunerado. A maioria das empresas valoriza a eficiência e a produtividade, mas o esforço emocional que os trabalhadores dedicam às suas interações com clientes, colegas ou superiores é raramente recompensado. Esta falta de reconhecimento pode agravar ainda mais o impacto emocional e psicológico deste tipo de trabalho.
É importante notar que o trabalho emocional também tem uma dimensão de género. Estudos mostram que as mulheres tendem a realizar mais trabalho emocional do que os homens, tanto no local de trabalho quanto em casa. Em muitas sociedades, espera-se que as mulheres sejam mais empáticas, compreensivas e acolhedoras, o que faz com que tenham que gerir mais as suas emoções e as dos outros. Isto contribui para uma sobrecarga emocional, frequentemente ignorada nas discussões sobre desigualdade de género no local de trabalho.
Nos dias de hoje, o trabalho emocional tornou-se ainda mais relevante, especialmente com o aumento das profissões no setor de serviços e o uso generalizado de tecnologias de comunicação, que muitas vezes exigem respostas rápidas e positivas. A exigência de estar sempre disponível e emocionalmente “adequado” nas interações online e offline pode aumentar a pressão para manter uma aparência emocionalmente estável.
Embora o conceito de trabalho emocional tenha começado como uma análise das interações em ambientes de trabalho, também é aplicável a outras áreas da vida, como as relações pessoais e familiares. Todos nós, em maior ou menor grau, realizamos trabalho emocional nas nossas vidas diárias, e reconhecer o valor desse esforço é fundamental para entender o seu impacto nas nossas vidas.
O trabalho emocional é uma componente invisível, mas crucial, de muitas profissões e da vida quotidiana. Embora possa ser exaustivo e, muitas vezes, não reconhecido, desempenha um papel importante na manutenção de interações sociais e profissionais harmoniosas. É essencial que as organizações e os indivíduos reconheçam e valorizem este esforço, para que os trabalhadores possam ser apoiados de forma adequada, garantindo o seu bem-estar emocional e psicológico.